Por Mário Marques, Diretor Comercial PMR Imobiliária

É a pergunta que mais ouvimos atualmente entre os Portugueses.

Além da instabilidade internacional, em momentos de instabilidade política o mercado imobiliário em Portugal costuma registar um abrandamento do número de transações. Os compradores ganham uma esperança acrescida em relação a descidas de preço futuras e os proprietários esperam que as novidades governamentais lhes tragam melhores condições para venda.

Estamos num momento particularmente desafiante e podemos enumerar alguns fatores que nos ajudam a decidir qual a resposta à pergunta inicial.

. A instabilidade governativa traz desconfiança aos investidores, nacionais e estrangeiros. O preço desce (porque há menos procura...).
. As decisões governamentais recentes, com alterações das regras ou da aplicação de programas como o Golden Visa, prejudicam o investimento direto externo devido ao clima de incerteza que criam. O preço desce (porque há menos procura...).
. O pacote “Mais Habitação” não apresenta soluções efetivas para o aumento da habitação disponível no curto prazo. O preço sobe (porque não aumenta a oferta...).
. O aumento das taxas de juro, cuja tendência não é expectável que se inverta antes de 2025 e que origina a redução da capacidade de investimento das famílias. O preço desce (porque há menos procura...).
. A disponibilidade da banca para renegociar as condições de crédito das famílias, o que reduziu a pressão para que se sentissem “obrigadas a vender”. O preço sobe ou mantém-se (porque não aumenta a oferta...)
. A quota de compra de casas sem crédito à habitação duplicou em 10 anos em Portugal. O preço sobe (porque não diminui a procura das famílias que não recorrem ao crédito...)
. Quase 2/3 dos proprietários têm a sua casa totalmente paga, não tendo qualquer empréstimo. O preço sobe (porque não foram, nem serão, afetados pelo aumento das taxas de juro...)
. Em Portugal a oferta é limitada, principalmente com pouca construção nova, devido ao aumento dos custos de mão-de-obra e materiais de construção. O preço sobe (porque não aumenta a oferta...)
. As rendas em 2024 podem subir mais de 6%. O preço sobe (porque há mais procura...)

Resumido, o investimento imobiliário continua a ser uma forma segura para aplicar as poupanças em Portugal, com um histórico de rentabilidade superior aos outros ativos, especialmente os financeiros. O valor dos imóveis oscila menos do que as restantes alternativas financeiras e a rentabilidade, no mercado imobiliário residencial, pode ser alcançada por via da venda ou do arrendamento.

Para responder à pergunta inicial, diria que não acho que os preços no mercado residencial vão baixar. Mas também não acho que irão subir (deverá haver uma ligeira subida nos preços do mercado de luxo). Logo a minha aposta é na estabilização ou numa variação reduzida até 2%.

Resolução de Ano Novo: vou vender a minha casa e comprar outra em 2024!

Esta é a minha opinião…mas respeito outras, claro.